11 Crítica ao pensamento singularista
Versão 0.0.1 - 08/11/2024191
A ficção científica revela muito mais os anseios sociais do presente do que as reais (e nem sempre evidentes) tendências do futuro. Em geral atribuída a um papel secundário pelas ciências sociais nas análises de conjuntura, tentaremos mostrar, neste texto, não apenas a influência do “espírito do tempo” na literatura de ficção científica como também o discurso político implicitamente nela contido, sendo este muitas vezes servindo de base ideológica pelos regimes sociais.
A ficção científica sempre se caracterizou, ao menos até recentemente, pelo posicionamento da tecnociência como fator principal das dinâmicas sociais e das buscas humanas, herdando diretamente o distanciamento que as “ciências exatas” procuram manter das demandas políticas e sociais. Há um comportamento típico do cientista de não se envolver com as questões mundanas e permanecer isolado em sua área de atuação (algo que tem mudado mas que imprimiu uma marca mais ou menos indelével na literatura de ficção científica).
Tal separação faz com que, na ficção científica, os dilemas e tensões sociais e existenciais dos vários momentos históricos sejam depositados na realidade técnica do cenário ficcional. Assim, mesmo as configurações sociais se apresentam nessa literatura como consequências (superestruturas) do aparato técnico. A ficção científica é então o palco tanto de utopias quanto distopias onde a tecnociência desempenha o papel de destaque ao invés de também (ou apenas) compor o cenário.
Uma genealogia pode nos levar tão longe quanto queiramos, indo até mesmo depois da semelhança entre a ficção científica e os mitos de diferentes povos, o que nos faria passar, por exemplo, por deuses astronautas e pela panspermia cósmica (algo que, inclusive, tem sido recentemente resgatado por correntes ocidentais do espiritismo e do chamado New Age). Passaríamos também pela Torre de Babel, pela Arca de Noé, pela República de Platão e pela Utopia de Morus, todas obras contendo elementos também compartilhados pela moderna e pós-moderna ficção científica.
Nossa limitação analítico-sintética e nossos objetivos políticos para com este texto nos obrigam, contudo, a efetuarmos um recorte no qual, a partir de um estudo de caso, tentaremos estabelecer relações dialógicas entre a ficção científica e as angústias sociais.
Se para os períodos clássico e medieval temos dificuldade de distinguir a literatura de ficção científica192 da, digamos assim, “ordinária” (até porque o próprio conceito de ciência se torna complicado para tais épocas), é a partir do Renascimento que, por causa da reconstatação da existência de territórios desconhecidos (oceanos, continentes, estrelas, planetas e depois micróbios e a própria matéria), percebemos uma mudança de foco, onde o ser humano passa a ser um figurante e sua técnica é que o leva a novas relações com o ambiente e com a sociedade.
É verdade que no Renascimento a distinção entre técnica e natureza, característica da ficção científica hegemônica (para não dizer alienante), ainda era embrionária, como podemos observar em Micrômegas, de Voltaire, mas com o impacto da Revolução Industrial tal diferenciação se torna nítida, sendo provavelmente Julio Verne a figura mais expressiva do período, quando a jornada rumo ao inexplorado apenas se torna possível com o auxílio de equipamentos.
Tanto no Renascimento quando na Modernidade, tais buscas pelo desconhecido não são apenas simples reflexo de um instinto pela exploração e conquista da terra ignota (como Carl Sagan afirma na introdução de seu famoso livro Pálido Ponto Azul), mas também e principalmente por um impulso (que pode ser um “instinto”) de fuga de um mundo decadente para algum outro onde seja possível recomeçar. Viagens de submarino e de foguete são exemplos paradigmáticos, enquanto que uma volta ao mundo num balão pode ser considerada como uma sintomática constatação da incapacidade do ser humano de escapar de sua condição ou resolver os problemas que promove.
Se no Renascimento era almejada a fuga de cidades pestilentas e de reinos decadentes para o além-mar, no mundo industrial queria-se fugir da fábrica, do reformatório, da guerra, do planeta ou até mesmo do tempo presente, como numa claustrofobia que necessitasse de ambientes cada vez mais amplos para que não se manifestasse. A Revolução Industrial, que trouxe à tona o problema da entropia193 (sendo talvez a mais claustrofóbica de todas as idéias do período) fez até com que o escritor Isaac Asimov questionasse os limites da humanidade, da técnica e do próprio Universo em seu brilhante conto “A última questão”194 e de cujo conteúdo não comentaremos para incentivar a leitura obrigatória desse texto.
Asimov é, aliás e ao lado de figuras como Arthur Clarke, um dos maiores representantes da chamada “era de ouro” da ficção científica: Asimov defende, nas entrelinhas, um triunfo sempre heróico da tecnociência como agente imprescindível para a resolução de impasses sociais. Em sua obra mais premiada “Fundação”, ele apresenta um Império Galático em decadência que pode evitar um retorno ao barbarismo (numa curiosa analogia com o Império Romano e a Idade Média) se criar uma fundação para manter e prosseguir o desenvolvimento da tecnologia e da ciência.
Já Arthur Clarke, em algumas de suas obras, tende a atribuir a evolução humana a alguma inteligência ou civilização mais avançada, tema principal de “2001: uma odisséia no espaço” e também de “Fim da Infância”, ou então à indiferença de uma inteligência superior, caso de “Encontro com Rama”.
De todo modo, os ficcionistas da era de ouro ainda possuíam o otimismo e a confiança do mundo industrializado, ao afirmarem implicitamente que a tecnologia levaria necessariamente à erradicação das mazelas humanas. Mas a Primeira Guerra Mundial e a crise de produção de 1929 (que já mostrou na prática que a técnica está extremamente relacionada com as escolhas políticas tomadas pela sociedade ou por quem a comanda) foi deflagrada, as bombas atômicas e os efeitos colaterais do “desenvolvimento” dos regimes industriais totalitários amargamente contrariaram o discurso otimista dessa era de ouro.
É então que vemos uma mudança drástica na ficção científica, que passa a assimilar teorias conspiratórias inspiradas pela paranóia da Guerra Fria195 até, bem recentemente, na década de 80, culminar no niilismo e pessimismo do Cyberpunk, como um reflexo da morte das utopias.
Após esse período, principiamos a perceber um novo discurso determinista e teleológico, desta vez afirmando um outro tipo de inevitabilidade: que a tecnologia não avança para o bem ou para o mal da humanidade, mas sim que ela avança tendo como objetivo o seu próprio avanço, sendo o equivalente técnico (ou mesmo a extensão técnica) para o princípio antrópico196.
Tal discurso, que começou na ficção científica e que agora permeia inúmeros think-tanks e institutos neoconservadores, se apóia no princípio197 da chamada “Singularidade”.
11.1 A Singularidade Tecnológica
A incessante busca por inovação faz com que, no capitalismo tardio, a busca por tendências tecnológicas e sociais ocupe um posto de destaque não apenas nos departamentos de pesquisa & desenvolvimento e nas consultorias de economia, mas nos próprios anseios sociais, quando então os novos ramos interdisciplinares da ciência, agregados no termo comum “Futurologia”, passam a dialogar quase de igual para igual com a ficção científica. Mesmo na “Fundação” de Asimov já podemos notar o interesse pela pesquisa de tendências (no caso, através de uma hipotética teoria matemática e posteriormente cognitiva chamada de “psicohistória”).
Por conta de tal cruzamento entre ficcção científica e os estudos mais “sérios” das tendências sociais que, a partir deste ponto, não faremos mais tantas distinções entre o que é possível e o que é impossível, mas sim a distinção do que certos grupos e fundações pregam como o caminho inevitável para o futuro, ou seja, o que cada grupo de interesses deseja determinar em termos de futuro.
Hoje, alguns ficcionistas até deslocaram seu interesse do drama humano pelo drama das próprias máquinas (ou o humano fundido com a máquina). A singularidade também é uma fuga para o desconhecido, desta vez o desconhecido mundo virtual das mentes fundidas. Num mundo real em pleno desastre ambiental e social, este deve ser o anseio de muitos.
11.2 Adendo do Editor
O texto encerra-se abruptamente, antes de definir Singularidade Tecnológica e fazer a crítica, sendo o único com aspecto incompleto que foi selecionado para a presente coletânea, pois considero que seu tema fecha muito bem um arco argumentativo dos estudos do Saravá:
Os primeiros textos tratam das dinâmicas quase que inescapáveis das apropriações operadas pelo status quo.
Já o texto anterior198, assim como este, criticam o que seriam dois equívocos: o escape pela fuga para um passado idílico ou para um futuro transcendental, ambos dentro de mitologias – ou escatologias – específicas onde o mal é eliminado pela tecnofobia ou tecnofilia.
Tanto o primitivismo quanto o singularismo são narrativas de inevitabilidade: um afirma que o “avanço” técnico inevitavelmente provoca mazelas, outro que tal avanço em si é inevitável; ambos desprezam a possibilidade de políticas e lutas que possam existir entre um extremo e outro.
Considerando que este humilde editor também é o autor principal do texto em questão199, tomo aqui a liberdade de, num pequeno adendo, resumir a argumentação que, ao que me lembro, gostaríamos de ter feito à época, mas que acabou sendo deixada de lado por conta dos vários desvios da vida assim como pela maturação necessária.
Este adendo não pretende dar conta da vastidão dos temas suscitados, mas apenas atar frouxamente uma ponta solta neste volume, a ser retomado quiçá por mim, por você ou por nós num futuro desacelerado.
Aqui será feita uma tentativa de reconstrução do argumento do que se criticava à época, ou seja, é mais um esforço de rememoração do que uma pesquisa nas referências e discussões existentes ou um condensado das reflexões desde então.
Começar-se-ia fazendo um roteiro sobre alguns temas recorrentes na ficção científica, inspirado pelo trabalho de Ginway (2005), em especial sobre as simbologias dos robôs e alienígenas como o outro explorado ou estrangeiro, indicando assim que tal gênero literário não existe à parte do momento em que as obras foram concebidas: elas não são completos devaneios fantasiosos independente da vida e do contexto em que surgiram – mais ou menos o que é feito no esboço acima.
Em seguida, seria introduzido o assunto da Singularidade, de uma maneira um pouco mais detalhada do que um resumo que fiz numa outra ocasião, alguns anos depois200:
A “Doutrina da Singularidade” prega que entraremos na Singularidade quando a humanidade já não tiver condições de entender a realidade que vive, ou de forma equivalente, quando uma inteligência artificial surgir e começar a operar e tomar decisões e controlar o destino humano. Essa [suposta] inteligência artificial vai crescer ainda mais. Ela vai querer, em última instância, se conectar no próprio tecido do espaço-tempo, digamos. Os caras vão nesse nível. Eles entram dentro desse debate do pós-humano e querem acelerar a obsolescência da humanidade como o último produto que falta se tornar obsoleto no capitalismo. Criar uma outra coisa. O que eu vejo resultando na prática é você criar uma nova espécie dos humanos e dos subumanos. Ou pós-humanos e os subumanos. Você vai ter uma elite imortal que vai viver no computador, simulada, sei lá o quê, com corpos temporários e uma classe aí totalmente à parte disso, uma humanidade que foi deixada pra trás. E eu vejo esse tipo de coisa assim, saindo na ideologia dessas [empresas] .com.
Por fim, faríamos nossa crítica, que tendo esboçar a seguir.
Os apologistas da Singularidade assumem um tom de inevitabilidade, de que esse “evento” chegará de qualquer modo, e que somente podemos nos preparar para ele. Não haveria negociação possível, mas que em última instância se trataria da própria salvação da humanidade, alçada à condição divina.
Do ponto de vista mitológico, se primitivistas almejam uma espécie de retorno ao paraíso perdido do Jardins do Éden por conta da sedução pelo conhecimento, singularistas anseiam algo similar a uma tomada o poder dos céus a partir da exploração máxima do conhecimento.
Colocando nos próprios termos do controle estabelecidos nesta coletânea, é uma ilusão achar que tal fuga desfenfreada para o futuro pode aumentar o controle comum e coletivo sobre esse tipo de tecnologia. Ao contrário, os proponentes da aceleração acabam por fazer é colaborar com visões de mundo onde hipertecnologias são controladas por uma minoria – e mesmo assim o controle é parcial a ponto de urgir uma contínua fuga para um futuro que requer mais e mais tecnologias de controle.
Não entraremos aqui na possibilidade ou factibilidade desse tipo de cenário, mas sim discutir nas consequências desse tipo de discurso, assim como o que ele legitima e justifica. Apesar de todo um trabalho de embasar a singularidade como uma consequência do “progresso” técnico acumulado, essa doutrina parece muito mais um meio encontrado para justificar os fins da busca por mais acumulação tecnológica que favoreça as grandes corporações e Estados-Nações201:
Se você não quiser ir tão longe quanto na doutrina da singularidade, você pega por exemplo a relação do Google com o Departamento de Estado americano. Ou seja, não há como uma megacorporação se sustentar naquele porte se ela não começar a trabalhar junto com o governo. Então, expandir o mercado do Google é expandir a política americana. Isso é explícito. E existe essa segunda agenda do Google que é criar sistemas [supostamente] mais inteligentes para pessoas [tornadas] mais idiotas. Antigamente, para você usar o computador, não era uma interface tão intuitiva, mas se usava. Qualquer pessoa usava. Assim, a coisa de como o conhecimento vai sendo codificado, sobra muito pouco para as pessoas, até o momento que se diz “para quê que a gente precisa de pessoas? Para quê? A gente já não funciona bem sem elas”? E aí, acho que é um momento muito perigoso que a gente tem, quando a elite global não precisar mais de pessoas. Acho que está se encaminhando nisso nesse século, e pra esse século acabar ainda há tempo pra cacete. Considere o que foi o século XX, como começou e como terminou. O Snowden202 fala que essa a nossa é a última geração livre. Nós somos a última geração livre. O pessoal que vai nascer daqui pra frente não vai ter nenhuma privacidade e talvez não vá ter nenhuma liberdade de escolhas.
Mas tenho esperança, sim. A gente está aí pra isso, pra tentar fazer a mudança.
Existem alternativas que não pendem nem para o primitivismo, nem para tecno-utopianismos do tipo Singularidade Tecnológica, e muito menos se apresentam como uma “terceira via”. Mencionemos, dentre muitas outras, a miríade de pensamentos ameríndios, afrofuturistas ou mesmo propostas tais como a de “decrescimento”203 e de “regresso sustentável”204. Na literatura de ficção científica, abundam exemplos de autorias que não correspondem ao ímpeto hegemônico da singularidade, como Octavia Butler e Ursula K. Le Guin, dentre muitas outras.
Elas não compõem uma “terceira via” porque não existem somente três opções. Em se tratando de tecnologia, estamos falando de incontáveis escolhas, possibilidades, acidentes e “serendipidades”. Podemos escolher quais tecnologias queremos buscar, e como. Podemos fazer parte do processo de criação tecnológica, seja a partir da enunciação de quais problemas queremos resolver, seja também participando ativamente da concepção e criação tecnológica, para além de inevitabilidades e fatalismos que tendem a nos marginalizar deste processo.
Isso é muito bem puntuado por Mãe Beth de Oxum205 numa fala interessantíssima que invoca um mito mais emancipatório e um entendimento de que técnica – ou talvez mesmo cultura – não se opõe à natureza (humana), mas faz parte dela:
Rapaz, eu acho que a gente já nasceu com a tecnologia. Acho que a humanidade nasceu na África e naquela mitologia, naquela herança, tem Ogum, que é o orixá da tecnologia, do ferro. Se ele tem uma necessidade, ele vai lá e resolve, é assim. Então, eu acho que a gente convive muito bem com tecnologia por conta disso. E o computador é uma tecnologia. Lá atrás, o homem ainda carregava por exemplo o peso nas costas e ele desenvolve o arado, desenvolve a roda, o ferro, era com a madeira que a gente pescava e depois começam a desenvolver as tecnologias… Tem mil histórias dos povos, milhares de anos antes de Cristo, milhares de anos atrás que desenvolveram o ferro. O ferro é uma necessidade! É um mineral da terra! Então assim, tem que entender essa história para entender a tecnologia. Tecnologia para quê? Eu acho que a tecnologia é importante para a gente rodar uma chave de uma porta que que até agora estava trancada para a gente. […] Mas é uma coisa tão simples, a gente vive com isso, a gente tem a tecnologia, a gente tem as histórias que Ogum nos traz da forja, do ferro, isso faz parte da nossa natureza, a gente tem esse elemento na nossa essência. Eu acho que é se conectar com isso ao invés de ficar achando dificuldade. É uma coisa natural. É Ogum se materializando, se ressignificando o tempo inteiro.
Os próximos textos apresentam maneiras de como grupos sociais podem se organizar de maneiras mais “tecnopolíticas” que respeitem autonomias e autodeterminações sem imperativos de crescimento infinito e outras “inevitabilidades”.
References
Elaborada a partir da versão original de 18/03/2008, cuja cópia encontra-se em https://sarava.fluxo.info/Estudos/CriticaAoSingularismo.↩︎
Talvez o termo “ficção científica” já não faça tanto sentido hoje em dia, sendo melhor pensar em “ficção especulativa”, o que também pode não fazer tanto sentido, ou ser abrangente demais (Nota do Editor).↩︎
Asimov (sd); Asimov (1956b); Asimov (1956a); Asimov (sd). Uma tradução em português está disponível em Asimov (2008).↩︎
O expoente dessa linhagem ficcional parece ser Philip K. Dick (Nota do Editor).↩︎
“Princípio antrópico” aqui se refere àqueles esquemas de explicação nos quais o universo estaria orientado ou “sintonizado” ao surgimento de vida inteligente; ou, no caso da Singularidade, ao surgimento de tecnologia inteligente. Existem diversas formulações a discussões sobre estes esquematismos. A maioria delas recupera um antropocentrismo pré-Copernicano no ordenamento cósmico. Também tendem a uma tautologia: apenas universos onde a vida inteligente existe é que permitem que esta mesma vida observe o universo e formule esse tipo de pensamento. Estarmos aqui, observando e explicando este mundo, dentro de toda a nossa precariedade, o que não implica que possamos enunciar que a finalidade deste mundo é a existência de seres que observam-no e explicam-no. Sem entrar muito no debate filosófico neste momento, aqui é mais interessante pensar categoricamente a que tipo de “observadores inteligentes” este pensamento é mais oportuno. A saber: aqueles que se utilizam do “princípio antrópico” como justificação ideológica para re-afirmar que a noção de “progresso” deles é amparada por um princípio cósmico. Este tipo de “Princípio Antrópico” parece um conceito oportunizado por uma finalidade Antropocêntrica e Antropocênica, invertendo a ordem causal das explicações (Nota do Editor).↩︎
Errata: “Singularidade” não é um princípio, como será explicado adiante. Se ela for possível, será um fim, não só da humanidade como da própria vida na Terra como a conhecemos. Mas hoje, a “Singularidade” não passa de um meio para justificar a busca incessante por inovações e tecnologias mais lucrativas que consolidem o poder cada vez maior das megacorporações e da pequena elite de hiper-ricos. É mais uma dentre várias justificações ideológicas para que as coisas não só continuem como estão, mas piorem ainda mais (Nota do Editor).↩︎
Vide o histórico de alterações disponível na cópia do original.↩︎
Retirado de Parra et al. (2015) págs. 161-162, com alguns adendos do Editor entre colchetes para ressaltar os pressupostos dessa doutrina. Para uma introdução mais detalhada, dentro do ponto de vista “inevitabilista”, consultar Vinge (1993), que é uma das principais referências sobre o assunto. As referências apologéticas mais conhecidas são Kurzweil (2007) e Kurzweil (2019); consultar Joy (2000) para uma crítica que assume os pressupostos como verdadeiros; além de Ganascia (2017) e Nicolelis e Cicurel (2015), que são duas refutações relevantes.↩︎
Parra et al. (2015) págs. 161-162, com alguns adendos do Editor entre colchetes.↩︎
Edward Snowden, analista de segurança e ex-espião que em 2013 vazou segredos sobre a vigilância de massa realizada pelos Estados Unidos da América.↩︎